quinta-feira, 6 de agosto de 2009

Paradoxo Natural

Liberdade
Viver e Ser,
o que se fez, o que se faz : receber.
Irradia o brilho, de um momento
que nasce agora e aqui
na ausência do pensamento.
Ontem, fica pra outrora.
O que mudou, não sei.
Olho lá fora:
Lua Nova,
Crescente,
Cheia,
Minguante.
Fases diferentes - ordens repetidas.
Continua igual.
Mutante fui eu.
Em meu desejo de livre-estar
como a natureza que oscila, em perfeito equilíbrio
achei-me presa em meus achismos - paradoxo constante.
Interessante,
interessa-antes,
Agora não mais.
Daqui pra frente,
estou Presente.
Contradizendo-me por aí...
Pra quem tem
Verdade dentro,
ver dá de fora.
Sou aqui... e estou agora.

quinta-feira, 23 de julho de 2009

Canção dos Viajantes


"Pelos caminhos da Terra
Largas estradas no mar
Pego os atalhos do vento
Nas ondas de fogo do ar
Não há tempestade ou tormenta
Que quebre o casco do navio
Coração bom que navega
Nas ondas do mundo bravio


Verde esmeralda oceano
Inunda minha alma sedenta
Descubro mil ilhas de sonho
Sem dor, sem tristeza ou doença


Pra quem tem fé e resiste
Luz do amor acesa no peito
Nada é duro, nada é triste
Espanta a noite, toca o medo


Mãe natureza me ensina
A ser humilde a ser pequeno
Beber água pura da vida
Me afastar de todo o veneno


Abrir a porta, o celeiro
Os tesouros do coração
Vêm ver rolar cachoeira
Água limpa do ribeirão


Deixa encharcar a semente
Luz da vida no fundo do chão
Como o amor transforma a gente
Como o sol, a escuridão"


(Marcus Viana)

domingo, 28 de junho de 2009

O SEXTO SENTIDO E O VÔO (Kurt Stoeterau)

Além dos cinco sentidos que usamos habitualmente no nosso dia-a-dia, e dos três(visão, tato, audição) que usamos nos nossos vôos, o sexto sentido talvez seja o nosso sentido mais importante ao qual devemos estar atentos na nossa prática. Também conhecido como intuição, pressentimento, ou chamado simplesmente de “uma percepção estranha”, este sentido sutil, mas profundo, parece um sussurro interno a nos confortar, ou desconfortar, a respeito da escolha que optamos num dado momento.

A forma de nos sensibilizarmos completamente a este sentido é não fazendo nada, melhor dizendo, é simplesmente estarmos presentes, sermos o que somos. É disso que trata a meditação oriental. A “simples” meditação nada mais é do que um estado de total vagabundice. Total vagabundice mesmo !!! Não fazer nada, nem pensar, apenas ser. Quem já tentou experimentar estar nessa tal vagabundice, percebeu que ser vagabundo nesse nível é infinitamente mais difícil do que a mais complexa das tarefas que nos possa ser imposta.

Passar dias e noites fazendo milhares de coisas, produzindo, é muito valorizado na nossa cultura materialista. Não há dúvida que o fazer leva ao ter, e que o ter não pode ser desprezado nesta densidade. Mas fazer e ter é somente o que nos importa enquanto seres “conscientes”?

Experimentar esse estado de não fazer nada é dissolver-se numa espécie de condição de auto-testemunho, uma silenciosa percepção, um estado consciente de simplesmente estar atento, ser consciência somente, um estado muito diferente do pensamento. Pensar é uma qualidade sutil do fazer, pensar é fazer algo sutil. Ter opinião, razão, são coisas sutis que resultam do fazer, neste caso do pensar. O fazer leva ao ter.

Se o fazer leva ao ter, o que nos leva ao ser? Ser é somente ser, é exercitar tão e somente a qualidade do ser, sem nada fazer, sem nada ter; não pensar, não ter razão, simplesmente estar consciente, ser consciente.

É à qualidade do ser, do estar, que pertence o sussurro do sexto sentido.Qualquer pensamento é uma perturbação que impede a percepção do sexto sentido. O sexto sentido não é um pensamento, é uma percepção interna que se dá no coração, é um aviso não racional que sabe se o ser está sendo o ser que o universo planejou dentro de todo um contexto cósmico, holístico. Não é se o ser está sendo “certo ou errado” no sentido lógico, mental. A lógica é parcial, não é contextual, a mente é linear, mecânica, é competente como uma máquina, que serve ao mundo do fazer coisas, certas ou erradas, de produzir coisas, boas ou ruins, de ter pensamentos, bons ou ruins, presa ao que a razão julga como certo e errado, presa à dualidade.

O coração pertence à sabedoria do ser, que simplesmente veio ser o que veio ser, que simplesmente é, e que não pertence à lógica mecânica que faz, que não pertence à mente. Neste sentido a sabedoria nada tem a ver com lógica, razão, não é um atributo mental. Esta sabedoria está numa oitava diferente da razão, da mente. Esta é cósmica, não nos diz se algo está certo ou errado, mas se estamos sendo, no presente momento, o que o universo deseja que sejamos como partícula, como parte do ser de todo um contexto cósmico que está sendo, mesmo que este ser contrarie a lógica, a mente.

Quando estamos em sintonia com o ser, quando estamos sendo os seres que somos, descontaminados da natureza “inteligente” da lógica, estamos em contato com a sabedoria. Não seremos espertos, não argumentaremos, seremos sábios, saberemos se devemos voar, ou não, simplesmente saberemos, sem um porquê, sem uma razão.

E a técnica para tal é nos sentarmos confortavelmente num lugar agradável, fechar os olhos e simplesmente não fazer nada, apenas estarmos conscientes.
A respiração acontece, mas não somos nós quem respiramos. O corpo sempre o fez por conta própria. Se fossemos nós a respirar, o que seria quando dormimos? O corpo respira enquanto estamos conscientes disso. O corpo está ali, nós o observamos, e se somos o observador, isto indica que o corpo não somos nós. Se pensamentos vierem, eles vêm, mas também não são nós. Se podemos observá-los então não somos eles. Somos quem os observa.
Os pensamentos são como nuvens no céu. As nuvens aparecem e desaparecem, são passageiras, mas o céu sempre está ali. Podemos observar um pensamento como observamos uma nuvem. Estamos aqui e a nuvem está ali, o pensamento também está ali. No começo desse exercício de observação vemos somente nuvens, pensamentos, e esses pensamentos estão tão próximos que é como se estivéssemos entubados, envoltos por eles. Ainda estamos tão identificados com esses pensamentos, completamente entubados nessas nuvens, que nos confundimos com eles, achamos que eles são nossos, na verdade achamos que somos eles.Mas quando conseguimos olhar para os pensamentos nos desidentificamos desses pensamentos, percebemos que não somos os pensamentos, mas sim quem os observa. Estamos desentubando. A transcendência começou.

Então passamos a ser o observador, e não os pensamentos. Mesmo assim ainda é difícil vislumbrar o céu entre as nuvens. Por enquanto só há nuvens, pensamentos, uns colados nos outros. Onde está o céu? Pelo menos já estamos desentubados, já existe a possibilidade de uma visão mais clara. Aos poucos as nuvens começam a se distanciar mais e mais de nós e umas das outras também, há intervalos de céu, o que começa a tornar mais clara a observação das nuvens, dos pensamentos. Um pensamento se forma, e dissipa, e assim outros também, mas o céu permanece. Se as nuvens são pensamentos o que seria o céu? O céu é ausência de pensamento, o céu é consciência somente, o céu é percepção pura, o céu somos nós.

Agora temos uma clara visão dos pensamentos, e uma percepção mais evidente de que somos o observador, consciente dos pensamentos. E assim o céu vai clareando mais e mais, até que não há mais nuvens, não há mais pensamentos. Mas ainda estamos ali, observando, conscientes.

Não poderíamos aprofundar esse estado de observação quando testemunhamos também as nossas emoções? Se conseguimos observar nossas emoções, também não somos elas. É como se as emoções fossem o ar nesse céu de consciência. Os pensamentos seriam as nuvens, enquanto as emoções, ainda mais sutis do que os pensamentos, seriam o ar. O ar pode estar quente, frio. O ar pode estar ventoso, calmo. O ar pode ter cheiros agradáveis, ou não. Como nossas emoções, que podem estar frias ou quentes, ventosas ou calmas, perfumadas ou não. Então o espaço, o vácuo, a ausência completa de algo palpável seria a presença completa, a consciência pura.

Ainda mais além desse estado, não poderíamos ser o observador do observador, a consciência da consciência?

É como quando descascamos uma cebola. Uma camada de casca sob a outra, até que finalmente, depois da última camada, o que sobra?
Na cebola aparentemente não sobra nada, mas em nós sobra algo que chamamos de consciência, consciência de que não somos as camadas, e sim o que elas envolvem. E o que elas envolvem? O estado de consciência.

Consciência pura é o que somos. E, como consciências puras, saberemos se o ato de voar deve fazer parte do nosso ser naquele momento, ou não.

O sexto sentido seria uma espécie de percepção inconsciente. Inconsciente, pois está ligada a um estado ainda adormecido dessa consciência pura latente em nós. Enquanto adormecidos para essa consciência pura, o sexto sentido seria o nosso guia, o nosso mestre, o sábio que sabe, que não tem dúvida, pois está justamente além da dualidade mental do “certo e errado”, está além do fazer isso, ou aquilo. Fazer isso, ou aquilo, é sempre uma dúvida, uma questão. Há a hipótese de fazermos isso, ou aquilo, mas não há a hipótese de sermos isso, ou aquilo. Somos apenas quem somos, não há dúvida disso. Se somos apenas consciência, se estamos conscientes, não há qualquer dúvida. Mas, se não estivermos conscientes de quem somos, a dúvida permanecerá. A dúvida pertence ao pensamento. Como pensantes somos duais. A palavra “dúvida” vem de “dual”. Como consciência pura não há a questão se o vôo deve fazer parte, ou não, do que o nosso ser é num dado momento. O sexto sentido não indica se devemos, ou não, voar, mas se naquele momento seremos parte do que chamamos “vôo”. A mente faz o vôo, a mente e o vôo estão separados.
O ser é o vôo. O ser voa sem voar, sem fazer. O ser e o vôo são um.

E então? Quem ainda acha que somos os pensamentos, ou as emoções?Infeliz-mente, mente infeliz, essa não é uma questão, não é filosofia. A mente, a filosofia é infeliz para entender esse tema. Isso é impossível, já que não é uma questão de entendimento, mas de uma experiência. O entendimento depende de uma dúvida, é dual. Como é possível transcender a dualidade através de um processo(a mente) dual? Não se trata de uma questão, não se trata de filosofar a respeito. A questão, o entendimento, estão presos no mundo dual da mente, da dúvida. Ao invés de entender, podemos apenas experimentar essa observação consciente. Da mesma forma um orgasmo não pode ser entendido, apenas experimentado. Não podemos entender o orgasmo, podemos apenas experimenta-lo. Não é possível fazer alguém compreender o que é um orgasmo. Por melhor que seja a nossa explicação e por mais habilidosa que seja a mente de quem recebe a nossa explicação, um eventual entendimento de um orgasmo não terá qualquer semelhança com a experiência de um orgasmo.

Sejamos conscientes.
Não pensemos, sejamos.

Como finalização – ou iniciação - dois pequenos trechos do filme “Matrix”, dois grandes insights, dos muitos que a trilogia contém: Neo – o personagem principal – que significa neo-buda, que por sua vez significa recém acordado, é um messias, um avatar, que no primeiro filme começa a transcender a dualidade. Um ensinamento de Morfeu a Neo: “Não pense que é...seja.” E, quando um dos órfãos ensina a Neo, enquanto este está tentando entortar uma colher:“Não tente entortar a colher – diz o órfão - isso é impossível. Não é você quem entorta a colher, é você quem entorta a si mesmo...” - querendo dizer que Neo e a colher são um, querendo dizer para Neo não fazer(entortar), mas para ser a colher torta.

Não é o ser quem voa, o ser e o vôo são um.

terça-feira, 2 de junho de 2009

Pôr-do-sol de outono


É agora
Quente e frio
Opostos que se atraem e completam
Quando juntos fica belo,
viram um
Rosa cor do amor
Gostoso de sentir.

Mas o sol aquece e vai embora...
Depois ele volta, agora eu sei
quando a lua se for
e a certeza de outro dia de outono chegar.


Como será o amanhecer ?

terça-feira, 26 de maio de 2009

Conhece bem a ti e a teu inimigo...


De passarinho a morcego,
de luz a sombra
de feliz pra triste
de certo pra errado.
O que há em nós mais oculto, o que menos queremos mostrar - é o que há pra trabalhar.
Qualquer deslize vira coisa séria - só mesmo proteção para não machucar.
Fazer de nossos erros os acertos, pois senão de que adianta viver e tentar?

Ao enfrentar nosso lado esquisito - aquele mesmo, que a gente não quer que ninguém veja - nos tornamos mais fortes e limpos. Sendo apenas como somos (parece redundante, mas não é) e permitindo aos outros o serem também, julgamos menos e aceitamos mais. Mas atenção, aceitar é diferente de acomodar...
Acomodar significa esconder e negar.
Aceitar significa admitir nosso lado belo e o sombrio, para assim ter o poder de saber como enfrentar o que não queremos. Em "A Arte da Guerra", Sun Tzu disse: "Conhece bem a ti e a teu inimigo." Pois bem, minha interpretação da famosa frase chinesa é que nossos inimigos são única e exclusivamente nós mesmos... Os outros e as circunstâncias são apenas espelhos daquilo que não gostamos em nós.

O que somos mesmo, nossa verdadeira essência, é o que há de mais puro... Conhece a ti e entenderá. Na verdade é tudo uma coisa só, devemos buscar a harmonia - sem negar a dualidade de nosso estado atual. Só assim Seremos... Humanos.

segunda-feira, 18 de maio de 2009

Para mulheres - Antes de Voar! (Águeda Pacheco)



Antes de voar, eu podia fazer minhas unhas toda semana e assim (bem feitas) elas permaneciam até a próxima sessão com a manicure. Eu bebia menos cerveja e controlava mais a minha alimentação.

Antes de voar, eu não me importava com a chegada de frente frias e muito menos com as formações de grandes nuvens, a não ser que fossem estragar minha chapinha ou meu dia de bronze no clube...Minha mochila era menor, meu carro limpinho, e meu cabelo impecável aos finais de semana. Bota não era pesada, vento só servia pra bagunçar fazendo minha saia voar...

Antes de voar, lift pra mim era uma espécie de cirurgia plástica ,
linhas e tecidos eram assuntos que eu tratava somente com costureiras e não com homens barbudos que sabem mais sobre isso do que eu (a não ser que fossem gays),
air-bag era apenas acessório de carro
e reserva aquele absorvente que fica sempre na bolsa para casos de urgência...

Mas antes de descobrir o vôo...
Eu não caminhava olhando pro céu, sentindo uma onda de integração e de vontade de estar ali,
Eu tinha poucos amigos tão irmãos,
Menos contato e respeito para com a natureza...
Eu achava que conhecia meus limites e medos, e não procurava enfrentá-los de maneira positiva,
Eu não sentia aquela emoção e sensação de plenitude que só quem é metade humano/ metade pássaro pode sentir...
Enfim,
Depois que tirei os pés do chão, comecei a perceber o que realmente era mais belo na vida... E tudo aquilo que não era foi deixado para trás, ou melhor, no chão...

A partir de então, peço que eu possa usar esse deslumbramento que o vôo me traz com serenidade e discernimento. Que o ato de voar faça-me esquecer de coisas levianas que ás vezes me prendem aqui embaixo, mas que eu não use disso como fuga e que eu não me esqueça de outras coisas – principalmente de pessoas – que são importantes para mim, mas que não compartilham do meu esporte... Cada um tem seu caminho – ainda bem que o meu é no ar! ;)

Enfim, bom vôo a todas – e todos !!!


terça-feira, 12 de maio de 2009

Oração Lakota


Wakan Tanka, Grande Mistério,
ensina-me a confiar
em meu coração,
em minha mente,
em minha intuição,
em minha sabedoria interna,
nos sentidos de meu corpo,
nas bençãos do meu espírito.
Ensina-me a confiar nestas coisas,
para que possa entrar em meu Espaço Sagrado
amar além do meu medo,
e assim Caminhar com Beleza
com a passagem de cada Sol glorioso.


Paz, Luz e Vida no Caminho.
Sabedoria e Prosperidade na Jornada.


quarta-feira, 6 de maio de 2009

Em nossas mãos.


Ao nascer, recebemos um presente - livre-arbítrio. Isso significa que toda e qualquer escolha que fizermos, determinará quem somos e para onde vamos. Mas será que realmente sabemos o que profundamente desejamos, ao ponto de fazermos estas escolhas conscientemente, ou simplesmente nos deixamos levar pelas circunstâncias da vida? Admitir e aceitar que somos inteiramente responsáveis por tudo aquilo que passamos, não é tarefa fácil. Mesmo quando compreendemos (racionalmente) nosso poder de criação, parece sempre ter algo que nos leva a pensar que somos vítimas. "Se eu morasse em outro país, minha vida seria outra", "Ah, mas o governo", "Mas minha família não aceita", "Fui criado assim", e o mais incrivelmente conformista de todos : "Sempre fui assim e pronto, não mudo mesmo"... Quantas vezes temos que passar pelas mesmas situações, que a vida pacientemente coloca no nosso caminho, para prestar atenção na nossa responsabilidade perante nossa própria vida? Destino é a gente quem faz, podemos mudá-lo a quaquer instante, basta querer e observar dentro do nosso coração - quem somos e o que realmente queremos. Carmas podem ser transmutados, que injustiça seria se pudéssemos resgatá-lo somente pela dor, e não com a opção de fazê-lo pelo amor.

Quando nos tornamos não protagonistas, mas autores de nossa própria história, tudo faz mais sentido. Aprendemos nossas lições com mais clareza, simplesmente nos perguntando : "Por que é que me fiz passar por isso?" ou "Por que estou criando esta situação novamente?". Fácil não é, mas se contarmos uns com os outros para nos entender, e dessa maneira entender o mundo, tudo fica melhor . Aliás, não nos enche de energia pensar na vida como uma grande aventura? Com lições a serem aprendidas, pessoas a serem encontradas, coincidências a serem observadas... Tudo fica mais divertido - e verdadeiro.
Beijos a todos que lêem minhas reflexões e devaneios! rsrs,
Águeda.
obs: Quero dedicar esse texto de hoje pra Aninha. =)
Numa conversa sobre este assunto conseguimos entender e esclarecer muitas coisas dentro de nós, e daí veio a minha inspiração pra escrevê-lo! Beijos amiga!

terça-feira, 28 de abril de 2009

Sobre voar, sobrevoar.

Um grande poder traz uma grande responsabilidade. Tudo aquilo que nos eleva, carrega junto uma série de coisas que não podem ser deixadas pra trás, talvez por isso muita gente escolha ficar inconsciente, vivendo apenas no conhecido e negando seu verdadeiro poder. Pois bem, nós, que recebemos esse presente que é o vôo livre, muitas vezes acreditamos ser verdadeiramente alados – ter o poder de voar.
De acordo com nosso professor Aurélio, o significado da palavra “voar” pode ser tanto “mover-se e manter-se no ar por meio de asas” quanto “elevar-se em pensamento, ter concepções sublimes”. Ou seja, é tudo uma coisa só. Podemos voar com os pés no chão, quando elevamos nossos pensamentos, da mesma maneira que podemos estar voando fisicamente, vários metros acima do chão, e ainda assim estar com os pensamentos lá em baixo. Para nós, que já reivindicamos esse nosso poder/responsabilidade, há a necessidade de uma coisa completar a outra, de cumprirem sua natureza de ser uma só. O vôo não é completo e muito menos verdadeiro, se configurar-se apenas em manter-se no ar por meio de asas. Não será completo, se há a necessidade de decolar para o outro, e não para você mesmo. Não será completo se houver competição.
Não será completo se não pudermos voar todos juntos, na mesma direção. E não será verdadeiro se nos tirar do foco principal de nossa existência, que é nosso caminho juntos em direção a quem somos verdadeiramente, ao amor.
Um grande poder traz uma grande responsabilidade. Se nos chamamos de seres alados, que possamos sê-lo então, com todo o sentido dessa palavra, e com a dignidade e merecimento de podermos assim ser chamados. Que possamos buscar ser melhor, e que possamos ajudar o outro a se elevar com o mesmo propósito que há para nós mesmos, com paciência e compaixão para com aqueles que estão enroscando numa térmica mais abaixo de nós, e com humildade para admirar e aprender com aqueles que estão na base da nuvem...
Quanto mais crescemos, maiores se tornam os desafios
Quanto mais nos elevamos, maior fica o impacto – se cairmos.
Não basta querer voar, é preciso saber sobrevoar.

Bons vôos a todos, na Terra e no Céu,
Águeda.

quarta-feira, 22 de abril de 2009

Asas

Minhas asas são

todas as coisas que me fazem

tirar os pés do chão.

A mudança de perspectiva

Pode ser pela luz ou escuridão

Pode ser mente ou coração.

O caminho não importa,

nem a coisa em si,

se eu chegar aonde quero

o que me leva - já nem é tão importante.